Estamos cercados por perigos. Acidentes de trânsito, bandidos, desabamentos, quedas e também o mais ingênuo pólen de uma flor qualquer, que pode te fazer espirrar feito louco. Mas, não pensem, caros leitores possuidores de sociofobia que estarão isentos dos malefícios, pelo menos das alergias, trancafiando-se em suas casas. O perigo, afinal de contas, também mora em casa, pelo menos na casa deste repórter que vos escreve.
Em noites mais frias, percebia certos chiados no peito e uma respiração um tanto quanto desconfortável. Protelei por alguns meses a visita ao médico, mas acabei sendo convencido a marcar uma consulta com um médico alergista.
Depois de me submeter a alguns testes de alergia (veja na página 26 como são realizados alguns testes de alergia), obtive resultados um tanto quanto desanimadores: tenho alergias respiratórias e alimentares, sendo aconselhado a ficar longe de pelos de cachorro, pelos de gato, insetos, poeira e ácaros, além de não poder mastigar um camarãozinho frito sequer.
Tirando o camarão, todas as outras alergias são de coisas que tenho dentro de casa, como poeira, ácaros e pelos de gato. O que fazer com o pacato Chico Buarque (esse é o nome do meu gato), perguntei, cabisbaixo, para o médico Reynaldo Rafael José Brovini. E ele tentou me consolar, ainda que de maneira nada consoladora, dizendo que os alérgicos só devem ter bichos de plástico. Seria a hora de comprar um pato de borracha?
Ninguém nasce alérgico
Ao final de minha consulta, Brovini me explica que, embora haja uma predisposição genética, ninguém nasce alérgico. Descubro também que, por causa dessa predisposição, meus futuros filhos terão 50% de chances de adquirirem alergias ¿ uma herança nada agradável.
Brovini diz que os alérgicos possuem uma espécie de hipersensibilidade com aquilo que lhe provoca alergia. "Alergia é uma doença de hipersensibilidade. Na primeira vez que a pessoa tem contato com aquilo que lhe provoca alergia, ela fica sensível e depois se inicia o processo de hipersensibilidade, que vai causar a alergia. Mas, em alguns casos, já no primeiro contato com a substância, a pessoa já pode ter o sintoma de uma hipersensibilidade", diagnostica o médico.
Como já tinha afirmado antes, Brovini recomenda o afastamento da pessoa alérgica daquilo que lhe provoca alergia. Mas, para alguns tipos de alergias, existem vacinas que podem controlar o processo de de sensibilização. Para picadas de abelhas e de insetos, existe vacina, como também é possível vacinar as pessoas que têm alergias a ácaros, que, segundo o médico, é a alergia campeã de reclamações em seu consultório.
"Ácaro é a alergia mais comum. O local preferido dos ácaros, um micro-organismo vivo, são as superfícies onde hajam restos de comidas, como naquele cantinho do sofá em que a criança deixou cair os farelos da bolacha. O ácaro gosta de locais onde há poeira e também dos tapetes, cobertores e roupas de lã", ensina Brovini, alertando ainda que, quanto mais quente e úmido for o local, mais facilidade de se reproduzir têm os ácaros, esses malditos!
Divulgação
Segundo médico, alergia a ácaros é uma das mais comuns
